Protagonistas nos bastidores: mulheres na história dos games, ontem e hoje (Parte II)

Protagonistas nos bastidores: mulheres na história dos games, ontem e hoje (Parte II)

A segunda parte deste especial traz algumas mulheres que estão comandando o cenário gamer na atualidade. São vozes importantes à frente de grandes companhias, responsáveis por criar histórias complexas e marcantes, e também personagens fortes e envolventes. São desenhistas, artistas, compositoras e atrizes que garantem a imersão do jogador com um trabalho inesquecível. As mulheres lá da década de 80 abriram caminho e as mulheres de hoje estão mostrando que aprenderam muito bem como deixar seu nome registrado na história, e você confere algumas delas agora. Não há dúvidas de que o girl power chegou para ficar e só resta enaltecer e aceitar!

mulheres na história

Kiki Wolfkill

Produtora executiva da 343 Industries, tem em seu currículo nada mais, nada menos que a franquia Halo. Kiki Wolfkill fez parte de uma liga não-competitiva de automobilismo antes de entrar no universo gamer, o que definiu muito de seu trabalho nas séries Forza MotorSport e Project Gotham Racing, ambas publicadas pela Microsoft Game Studios, onde ela foi diretora do departamento de arte e construiu toda a sua carreira.

Em 2007, quando a Microsoft e a Bungie se separaram, foi criada a 343 Industries e Wolfkill foi escolhida para dar continuidade à franquia Halo, assumindo a criação do primeiro título da nova geração, Halo 4. Mais tarde ela foi designada para construir o universo do jogo com um todo, criando a história, os personagens e escrevendo seu roteiro. Também participou da criação e produção do anime Halo Legends, das webséries Halo 4: Forward unto Dawn e Halo: Nightfall, e foi uma das principais responsáveis por Halo Channel, uma rede digital interativa para a comunidade de jogadores. Se você quer um universo inteiro de sucesso, você precisa de alguém como a Kiki na sua equipe!

mulheres na história

Robin Hunicke

Ela é designer de jogos, produtora e trabalhou para a Eletronic Arts nos sucessos MySims e Boom Blox, ambos para o Nintendo Wii. Hunicke foi produtora do premiado Journey, jogo de aventura cooperativo lançado em 2012 pela Thatgamecompany, e também é co-fundadora da Funomena, desenvolvedora responsável pelo jogo Luna, um conto de fadas em realidade virtual. Com muito reconhecimento da indústria pelo suporte às desenvolvedoras independentes e pela experimentação e pesquisa em design de jogos, Hunicke já foi organizadora do Game Design Workshop e do Experimental Gameplay Sessions, que acontecem dentro da Game Developer’s Conference e são palco para a primeira aparição de novos jogos. É também organizadora do festival anual para desenvolvimento de jogos, o IndieCade, pesquisadora e membro-fundadora do departamento de educação da International Games Developers Association, e participa dos eventos Indie Game Jam e Global Game Jam. Para terminar esse currículo de sucesso, ela entrou para o top 20 de mulheres importantes da indústria de jogos pelo Gamasutra em 2008 e pela Microsoft ganhou o prêmio Woman in Gaming Award na categoria Design, em 2009.

mulheres na história

Kellee Santiago

Também é designer de jogos, produtora e co-fundadora da Thatgamecompany. Seu primeiro jogo foi Cloud, desenvolvido com outros estudantes enquanto cursava Artes Cinematográficas e, apesar de ser apenas um experimento, fez tanto sucesso que levou Kellee para a indústria de jogos de vez. Mais tarde, em 2007, ela produziu Flow, que marcou a Thatgamecompany como uma das mais importantes desenvolvedoras no cenário independente, e Flower, premiado e aclamado pela crítica. O terceiro jogo, Journey, ficou a cargo de Robin Hunicke para que Santiago assumisse a presidência da empresa, o que ela fez muito bem visto que a desenvolvedora foi eleita uma das 20 mais inovadoras pelo Gamasutra em 2008. Ela é também uma das apoiadoras do Indie Fund desde 2010, grupo para investimento no desenvolvimento de games independentes, e foi reconhecida em 2011 como uma das 100 mulheres mais influentes na área de tecnologia pela Fast Company. Em 2013 Santiago anunciou que se juntaria à equipe produtora de Ouya, console de código aberto com sistema operacional Android, e em 2015 passou a trabalhar para a Google Play Games. Outro fato legal é que Kellee Santiago sempre foi estimulada a jogar videogame e a explorar computadores pelo seu pai, um engenheiro de software, mostrando que com incentivo meninas podem fazer o que quiser e ir muito longe.

mulheres na história

Kim Swift

Ela é designer de jogos e, em conjunto com um grupo de estudantes, desenvolveu a ideia inicial do que viria a se tornar o aclamado jogo Portal (2007). Depois de apresentar o projeto à Valve, Kim Swift foi logo contratada e tornou-se então líder do time de desenvolvedores do jogo, além de trabalhar como designer de level. Enquanto esteve na Valve também liderou a equipe de desenvolvimento de Left 4 Dead (2008) e sua sequência, Left 4 Dead 2. Kim Swift participou do projeto Quantum Conundrum da Square Enix em parceria com a Airtight Games, passou pela Amazon e agora está na Eletronic Arts como diretora de design, trabalhando no jogo Star Wars Battlefront II. Swift também já foi reconhecida pela Fortune como uma das 30 figuras mais influentes na indústria de games, em 2012.

mulheres na história

Amy Hennig

Apesar de também ter começado a carreira no final da década de 80, trabalhando para a Atari, Nintendo e Eletronic Arts, Amy Hennig é reconhecida principalmente pelo trabalho na Naughty Dog. No final da década de 90 foi contratada pela Crystal Dynamics, onde trabalhou em sua maior conquista: foi assistente no desenvolvimento de Blood Omen: Legacy of Kain (1996), mais tarde conquistou as funções de diretora, produtora e roteirista de Legacy of Kain: Soul Reaver e também dirigiu e escreveu as sequências Soul Reaver 2 e Legacy of Kain: Defiance. Na Naughty Dog se envolveu completamente com o universo de Uncharted, onde foi diretora de jogo, roteirista e diretora de criação. Em Uncharted 2, Amy Hennig liderou uma equipe de 150 pessoas envolvidas no desenvolvimento do jogo e também dirigiu e escreveu os roteiros das sequências Uncharted 3 e 4. Sua formação acadêmica em Cinema e Literatura Inglesa contribuiu para que se tornasse uma das maiores diretoras e roteiristas da indústria de jogos, além de premiada também: Hennig foi responsável por diversos prêmios da franquia Uncharted, recebeu dois prêmios de Melhor Roteiro de Videogame pela Writers’ Guild of America Award, e foi eleita uma das 100 mulheres mais influentes da indústria de jogos pela revista inglesa Edge.

mulheres na história

Rhianna Pratchett

É roteirista de jogos, designer de narrativa e também jornalista. Ela começou sua carreira na revista Minx, onde seus primeiros reviews de games foram publicados, trabalhou na revista PC Zone como assistente de editorial, escritora e editora, e também já escreveu para o The Guardian. Em 2002, com Beyond Divinity, começou a escrever roteiros de jogos e para este em especial também escreveu um romance. Seu trabalho nos jogos Heavenly Sword e Overlord lhe rederam indicações e um prêmio de melhor roteiro de jogo pela Writers’ Guild of Great Britain em 2008. Pratchett também fez parte da equipe de roteiristas dos jogos Prince of Persia, Bioshock Infinite e Mirror’s Edge, para o qual escreveu uma adaptação para quadrinhos em parceria com a DC Comics. Assumiu o roteiro de Tomb Raider, lançado em 2013, um verdadeiro marco em sua carreira, pois pode reescrever a história de Lara Croft, dando mais profundidade à protagonista que até então era extremamente sexualizada e tornando a história mais coerente, complexa e envolvente. Tomb Raider 2013 também ganhou uma adaptação para os quadrinhos assinada por Pratchett e publicada pela Dark Horse Comics.

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Jennifer Hale

Ela é atriz e dubladora, responsável por dar vida a diversas personagens de videogames. Jennifer Hale trabalhou em séries de tv, filmes e animações, e seu primeiro trabalho no universo gamer foi a série Carmen Sandiego, baseada no desenho animado de mesmo nome onde também trabalhou. Na BioWare ela despontou na indústria de games ao trabalhar nos jogos Baldur’s Gate e Star Wars: The Old Republic. Foi quem dublou as personagens Samus Aran (trilogia Metroid Prime), Naomi Hunter e Emma Emmerich (Metal Gear Solid), Jean Grey (Marvel vs. Capcom 3), Leah (Diablo III) e Commander Shepard (Mass Effect). E estas são apenas algumas das personagens mais famosas em uma lista gigantesca, com mais de cem nomes, para quem Jennifer Hale emprestou a sua voz. Você já reconheceu pelo menos uma dessas vozes aí, não é?

mulheres na história

Yoko Shimomura

É apenas a maior compositora de trilhas sonoras para games. Yoko Shimomura trabalha na área desde 1988 e até 1993 compôs para 16 jogos da Capcom, como o famoso Street Fighter II. Trabalhou na Square Enix até 2002 e depois fundou a produtora Midiplex, onde passou a compor músicas e trilhas sonoras como freelancer. Para a Square Enix assinou trilhas sonoras de alguns títulos da série Kingdom Hearts, do belíssimo Legend of Mana e também de Final Fantasy XV, e para a Nintendo produziu os jogos da série Mario & Luigi. Seu trabalho como compositora é tão notável que já foi performado em muitos concertos de música de videogames, sendo Sinfonia Drammatica o mais famoso. Yoko Shimomura se interessou por música e por videogames ainda muito nova, e mais ou menos aos 5 anos começou a ter aulas de piano. Depois de se formar pela Escola de Música de Osaka ela resolveu mandar algumas composições para as desenvolvedoras que estavam contratando na época, como quem não quer nada, e foi assim que nasceu uma das compositoras mais respeitadas da indústria e que hoje assina mais de 45 jogos!

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Bom, estas são apenas algumas mulheres que transformaram a indústria de jogos e é claro que foi muito difícil escolher apenas estes nomes, pois tem muita mulher incrível fazendo um trabalho impecável. Também é claro que ainda há muito a ser feito. O mercado de entretenimento é dominado por homens e a indústria de jogos não é exceção: apesar de ser quem mais consome games atualmente, mulheres ainda são minoria nas desenvolveras. Ainda assim, fica o desejo para que estas mulheres sirvam de inspiração e incentivo para quem sonha em fazer parte deste universo. Que aquelas que estão fazendo a diferença, independente da área de atuação, continuem sendo lembradas, comemoradas e exaltadas sempre, e não apenas em um único dia do ano. Porque nós, mulheres, lutamos todos os dias pela tão sonhada igualdade e também para conquistar o nosso lugar ao sol.

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No momento gamer casual. Em tempo integral Comunicadora, Relações Públicas e Pesquisadora. Freela como Produtora de Conteúdo, Redatora e Social Media. Pisciana e sonhadora, meio louca dos signos, meio louca dos gatos. Fã de tecnologia, games, e-sports, quadrinhos e outras nerdices legais!
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