His Dark Materials: primeiras impressões da nova série de fantasia da HBO

His Dark Materials: primeiras impressões da nova série de fantasia da HBO

Quando “His Dark Materials” (Fronteiras do Universo) foi anunciada, por ser uma adaptação do livro “A Bússola de Ouro“, de Philip Pullman, uma grande expectativa pairava no ar. A série que ainda nem havia estreado – lembrando que isso aconteceu no último dia 03 de novembro – já estava sendo cotada como a grande substituta de “Game Of Thrones“, com toques particulares do universo de “Harry Potter”.

É claro que isso seria inevitável. Trazida pela HBO – responsável por séries de mundos fantásticos – o lugar geográfico da série é a Inglaterra e, aparentemente, alguns outros países nórdicos e frios, familiares também ao mundo criado por J.K. Rowling.

Não que essas comparações não sejam saudáveis e, dados os grandes elementos que cruzam os enredos, inevitáveis. Porém, tentar categorizar “His Dark Materials” dentro dessas categorias já estabelecidas pode acabar sendo um tiro no pé, pois a série – pelo menos nesse primeiro momento – parece carregar uma fantasia única, que não caberia em mundos já pré-estabelecidos.

His Dark Materials: os detalhes de um mundo fantástico e único

Lyra (Dafne Keen) com seu Daemon chamado Pantalaimon. Imagem: HBO
Lyra (Dafne Keen) com seu Daemon chamado Pantalaimon. (Imagem: HBO / reprodução)

Grandioso, confuso, frio. Os primeiros minutos do primeiro episódio passam essa sensação e, para quem nunca tinha tido nenhum contato com esse mundo, a expectativa sobre o que poderia acontecer ali – e agora – era maior do que a confusão de ser imersa num mundo novo sem nenhum tipo de guia ou bússola.

Logo de cara – antes da abertura do episódio – personagens marcantes são trazidas para o centro da tela. É impossível que olhos não brilhem por causa de Lyra (Dafne Keen), uma garota agitada que, logo nas primeiras cenas, está passeando pelos telhados da universidade em que mora após ser deixada lá por Asriel (James McAvoy), seu tio, enquanto era apenas um bebê. Mais impossível ainda é não ser cativada por Pantalaimon ou Pan, o Daemon de Lyra.

Pois é, os Daemons. Animais que carregam o espírito dos humanos e podem ser considerados como seus companheiros, assumindo formas definitivas em algum momento da vida. Inclusive, os Gípcios – uma cultura que parece marginalizada em “His Dark Materials“, mas cheia de tradições próprias – são introduzidos na narrativa exatamente mostrando um ritual de passagem: uma Daemon assumindo sua forma definitiva e o humano que a acompanha começa a ser considerado como um adulto e não mais como uma criança.

His Dark Materials 1x01 - primeiras impressões sem spoilers
James McAvoy como Asriel, tio de Lyra. (Imagem: HBO / reprodução)

Com o passar do episódio, somados aos Gípcios, são apresentados diversos detalhes que, se a trama parte do realismo fantástico, também são facilmente aplicáveis na realidade mundana. O mundo acadêmico como detentor dos conhecimentos, um governo – que não fica muito bem explicado se, além de totalitário, também é religioso – repressor e poderoso e, claro, como pode estar subentendido, um início de mudanças sociais operadas por agentes sociais distintos que, nesse primeiro episódio, ainda não sabem o quanto estão conectados.

É claro, não é só de questões sociais ou bichinhos fofos que uma série é construída. As relações humanas se mostram tão importantes quanto qualquer outra coisa. As relações tensas de Asriel com os participantes do conselho acadêmico, além de sua relação com Magisterium – o órgão supremo do governo – ficam no ar como foco de tensão a ser desenvolvido.

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Outra coisa bonita de acompanhar em “His Dark Materials” é a curiosidade de Lyra com o mundo. Ela se mostra aberta, receptiva, e mesmo quando os adultos a decepcionam – seja seu tio ou o reitor da universidade, Dr. Carne (Clarke Peters), responsável por cuidar da garota quando deixada – ela se refugia na relação com seu melhor amigo, Roger (Lewin Lloyd), um órfão e curioso (assim como ela) que acaba desencadeando mudanças extremas na vida de Lyra, por causa dessa conexão entre eles.

O início que parece nos levar para a direção certa

primeiras impressões da nova série de fantasia da HBO
O reitor da universidade, Dr. Carne (Clarke Peters). (Imagem: HBO / reprodução)

Muitas coisas – além dos detalhes da trama – são dignas de nota nesse primeiro episódio de “His Dark Materials“, obviamente. Porém, a primeira delas, por ordem de aparição, precisa ser a abertura. É bonita, majestosa. Com quase dois minutos de duração, no estilo clássico de “Game of Thrones”, elementos da série são colocados em tela, como uma construção e uma música sinfônica ao fundo, fazendo com que até os corações mais gélidos se encham de algum tipo de emoção. Ponto para a HBO e sua equipe, pois se são ótimos para estragar finais, são melhores ainda para fazer aberturas.

Dito isso, vamos a alguns outros fatos: a trilha sonora é ótima, construída para os momentos intensos e não intensos, que nos absorve junto com a fotografia de um mundo fantástico, sendo capaz de manter conexões fortes com a realidade. De uma maneira geral, o primeiro episódio deixa bem claro que é apenas – ainda bem – uma introdução para todas as outras coisas que o universo de “His Dark Materials” pode nos apresentar.

Porém, o que fica mesmo depois de 55 minutos intensos (que passam rapidamente) é o sentimento de sermos bem-vindas no mundo fantástico de Lyra, Pan e companhia, deixando quase que inconscientemente uma vontade de maratonar os próximos episódios. Tristemente, teremos apenas a estreia de um episódio por semana até o fim do ano, mas enquanto isso, você poderá apreciar o podcast oficial da HBO, que tem o objetivo de analisar referências e semelhanças da série com o livro original.


Edição e revisão realizada por Isabelle Simões.

Escrito por:

25 Textos

Uma adolescente emo virou uma hipster meio torta que sem saber muito bem o que fazer, começou jogar palavras ao vento e se tornou escritora e tradutora. Também é ativista dos direitos humanos. Além disso é lésbica, Fé.minista, taurina. E, principalmente, adoradora de gatos e de café.
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