Um dos mais prestigiados e importantes prêmios literários do mundo, o Hugo Awards anunciou seus vencedores na sexta-feira (11). Pelo segundo ano seguido, a vencedora do Prêmio de Melhor Romance foi a escritora norte-americana N.K. Jemisin, por seu livro de ficção científica “The Obelisk Gate” (“O Portão do Obelisco”, em tradução livre), ainda sem edição em português.
O romance é o segundo volume da série “The Broken Earth” (“A Terra Quebrada“, em tradução livre) da autora norte-americana, que vem sendo aclamada tanto pelo público quanto por autores prestigiados como Rick Riordan, o autor da série “Percy Jackson e os Olimpianos“. O autor disse:
“O mundo que Jemisin cria é tão horrível quanto é brilhante”.
Na edição do ano passado, o romance vencedor foi “The Fifth Season” (“A Quinta Estação“, em tradução livre), o primeiro livro da série de Jemisin, e aquele que nos apresentou ao mundo temeroso da terra de Stillness, tornando a autora a primeira pessoa negra a ganhar o Hugo Awards de Melhor Romance.
Temos uma notícia boa! A nova editora nacional Morro Branco lançará em novembro o primeiro livro da trilogia de Jemisin, o premiado “A Quinta Estação”. Estamos muito ansiosas para conferir!
A história de Jemisin é ambientada no fim do mundo e foi chamada pelo The New York Times de “intrincada e extraordinária”, o que nos fez desejar ainda mais termos a trilogia em nossas mãos! A vitória tem ainda mais significado, pelo fato de que nas últimas duas edições o prêmio pôde ser votado pelo público.
Grupos de escritores de sci-fi conservadores (de direita), intitulados Sad Puppies, e o mais radical, Rabid Puppies, vêm divulgando campanhas para aqueles que concordam com suas opiniões votarem em bloco em premiações, para impedir que seus inimigos (leia-se minorias ou oposição) vençam.
Como resposta a organização do prêmio na edição de 2015, em que os apoiados pelos Puppies ganharam em 5 categorias, foi resolvido não premiar tais categorias na cerimônia, criando “No Awards” (ou “Não Prêmios”, em tradução livre) para os vencedores apoiados pelos grupos de direita, incluindo o autor John C Wright, conhecido homofóbico. Já nesse ano, a campanha dos Puppies não funcionou e nenhum “No Award” foi dado.
Além da vitória de Jemisin, em uma edição de vitórias predominantemente femininas, a ganhadora de Melhor Conto foi Amal El Mohtar, com “Seasons of Glass and Iron” (“Temporadas de Vidro e Ferro”, em tradução livre), e a veterana e favorita de muitos, Ursula K. Le Guin ganhou o prêmio de Melhor Trabalho Relacionado, por “Words Are My Matter” (“Palavras São Meu Assunto”, em tradução livre), que traz a própria Ursula escrevendo sobre sua vida e livros nos últimos 16 anos.
Lois McMaster Bujold ganhou o novo prêmio de Melhor Série por sua série “Vorkosigan Saga“. E o prestigioso prêmio John W. Campbell para Melhor Escritor foi para a novata Ada Palmer, por sua série “Terra Ignota”.
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Jemisin é apenas a segunda autora e a primeira negra a ganhar dois anos seguidos desde, ela mesma, Lois McMaster Bujold, em 1991 e 1992, e quando soube de sua indicação, no ano passado, pensou que ninguém votaria em sua obra:
“Eu imaginei quantos de meus colegas fãs de Sci-Fi, em um ano marcado pela reação reacionária contra a presença e atuação de pessoas como eu no gênero, iriam votar na história de uma mulher negra, de quarenta e poucos anos com dreadlocks, travando uma luta épica contra as forças da opressão.”
Ficamos felizes em ver que a reação reacionária não foi o bastante, sendo essa a edição do Hugo com maior contingente de vencedoras mulheres, e esperamos que esse contingente só venha a aumentar e que editoras brasileiras resolvam trazer os ganhadores.
ESSE É O JEITO QUE O MUNDO TERMINA… PELA ÚLTIMA VEZ.
É assim que Jemisin inicia sua saga, e esperamos que essa mensagem só valha para aqueles que, diferente de nós, fazem parte das forças da opressão.
Confira todos os vencedores do Hugo Awards 2017:
Melhor Romance
The Obelisk Gate, de NK Jemisin (Orbit Books)
Melhor Novela
Every Heart a Doorway, de Seanan McGuire (Tor.com publishing)
Melhor Noveleta
The Tomato Thief, de Ursula Vernon (Apex Magazine, January 2016)
Melhor Conto
Seasons of Glass and Iron, de Amal El-Mohtar (The Starlit Wood: New Fairy Tales, Saga Press)
Melhor Trabalho Relacionado
Words Are My Matter: Writings About Life and Books, 2000-2016, de Ursula K Le Guin (Small Beer)
Melhor Graphic Story
Monstress, Volume 1: Awakening, written by Marjorie Liu, illustrated, de Sana Takeda (Image)
Melhor Produção Dramática (Forma Longa)
Arrival, roteiro de Eric Heisserer, baseado na história de Ted Chiang, dirigido por Denis Villeneuve
Melhor Produção Dramática (Forma Curta)
The Expanse: Leviathan Wakes, escrito por Mark Fergus and Hawk Ostby, dirigido por Terry McDonough (SyFy)
Melhor Série
The Vorkosigan Saga by Lois McMaster Bujold (Baen)
Prêmio John W Campbell para Melhor Novo Autor
Ada Palmer