Os chamados filmes de terror slasher se caracterizam com base em um assassino mascarado que persegue suas vítimas ao longo da história até ter sua identidade revelada. Desde a década de 70, esse subgênero se tornou bastante popular entre os fãs, principalmente após o sucesso estrondoso das franquias Halloween e Pânico.
A Casa de Cera, dirigido por Jaume Collet-Serra, é considerado um marco do terror slasher pós-anos 2000. Lançado há mais de 15 anos, o filme arrecadou um montante superior a 70 milhões de dólares nas bilheteiras mundiais. Além disso, impulsionou a carreira de diversos nomes relevantes para a indústria do audiovisual.
Infelizmente, atualmente, o longa não recebe tanto reconhecimento quando comparado aos seus semelhantes. Isso pode ser devido à ausência de sequências ou simplesmente porque seu nome caiu, em parte, no esquecimento. No entanto, o tempo precisa inocentar a trama e conceder a devida apreciação que ela merece.
O típico grupo de jovens em apuros
Inicialmente, o enredo nos apresenta um elemento essencial dos filmes slasher: o grupo de jovens que será o alvo do vilão. Nesse caso, temos seis amigos que desejam chegar à Louisiana para assistir uma partida de futebol americano: Carly (Elisha Cuthbert), Nick (Chad Michael Murray), Wade (Jared Padalecki), Paige (Paris Hilton), Blake (Robert Richard) e Dalton (Jon Abrahams).
Após pegarem a estrada, eles decidem parar e montar um acampamento na floresta para passarem a noite. Enquanto relaxam, recebem a visita de um convidado inesperado, que se aproxima de forma suspeita. Com os faróis ligados, mas sem a intenção de sair do carro, o desconhecido permanece no local até ter uma de suas lanternas quebradas por Nick.
Como o grupo permanecia junto quando o veículo apareceu, então a possibilidade de ser algum deles pregando uma peça nos demais é nula. O momento de tensão só passa quando a manhã chega e as consequências aparecem: o motor do carro de Wade foi sabotado.
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A partir desse momento, o verdadeiro terror do filme começa a se manifestar. Incapazes de saírem todos juntos, o grupo se divide: o casal Carly e Wade parte em busca da ventoinha para consertar o carro, enquanto os outros seguem em direção à Louisiana.
Ambrose e o museu de cera dos irmãos Sinclair
A única forma que os jovens encontraram para resolver o problema foi aceitar a carona de um homem que parecia conhecer a região. Ele era insistente e tinha uma aparência assustadora, o que facilitava associá-lo à figura de um assassino. Porém, ele realmente ajudou Carly e Wade, levando-os até a pequena cidade de Ambrose.
É curioso e desconfortável, tanto para os personagens quanto para o público, a atmosfera sombria que o local emana desde o primeiro momento em que o ambiente é introduzido. Ambrose é praticamente uma cidade-fantasma, e a situação fica ainda mais bizarra quando os jovens decidem explorar a suposta atração turística do local.
O museu de cera está abandonado há anos, com poeira e teias de aranha cobrindo-o por completo. Não só as esculturas, mas a estrutura do lugar também é feita de cera. Wade até brinca dizendo que o artista que construiu aquilo precisa de terapia, mas o momento casual dura pouco.
Após associarem os acontecimentos do acampamento da noite passada com a estadia temporária em Ambrose, eles percebem que a presença de ambos ali não é mera coincidência, e que a luta pela sua sobrevivência está apenas começando.
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Os eventos que se desenrolam após a estranheza que Ambrose apresenta são perturbadores e constituem os pontos centrais da história. A motivação do assassino por trás de sua obsessão pela cera tem raízes em um trauma de infância, o qual é apresentado na cena de abertura do filme.
A narrativa explora essa motivação ao longo do enredo, culminando no confronto final com a protagonista.
Além disso, todos os personagens concluem suas jornadas de maneira que reflete sua importância ao longo da trama. Seja vivos ou mortos, as cenas entregam intensidade e violência gráfica, características marcantes do terror slasher.
Paris Hilton e o marketing inteligente
Um dos fatores que mais atraiu o público para assistir à produção naquela época foi a presença da socialite Paris Hilton no elenco. No início dos anos 2000, ela era considerada uma figura influente na cultura contemporânea.
No entanto, após ter seu nome mencionado em diversos tabloides devido à sua posição na alta sociedade, as pessoas passaram a criticá-la, dizendo que ela não tinha talento e não merecia a fama que estava ganhando.
Aproveitando esse sentimento de antipatia, a produção do filme impulsionou a divulgação usando a imagem de Paris. Com o marketing focado em slogans como “Veja a Paris Morrer!“, o conceito atraiu diversos espectadores para as salas de cinema, despertando a curiosidade em torno de sua morte fictícia.
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Contrariamente ao que se poderia esperar, Paris acolheu muito bem a ideia. Além de posar para diversas fotos diante do slogan, a it girl também declarou em uma entrevista na época que adorou a cena em que morre.
Um legado para o terror slasher
Embora não tenha agradado à crítica especializada, A Casa de Cera chama a atenção através de seus elementos visuais e da atmosfera alternativa. A quantidade de plot twists é algo que surpreende do início ao fim, especialmente no que diz respeito à protagonista.
Carly personifica a coragem e inteligência típicas de uma final girl, desde a icônica regata branca até a determinação em buscar vingança contra o assassino. Seu irmão gêmeo, Nick, também exibe características semelhantes, embora sua personalidade possa atrapalhar em alguns momentos.
Apesar das diferenças e desentendimentos cotidianos, ambos confrontam o mal e estabelecem paralelos com o assassino por meio de seu relacionamento.
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A Casa de Cera mantém a atenção e possui potencial para um possível reboot, com efeitos de melhor qualidade e um elenco conhecido pelo público mais jovem. Enquanto isso não ocorre, o filme está disponível no catálogo do HBO Max e é uma excelente opção para revisitar a história ou assisti-la pela primeira vez no Halloween.
