3 provas de que Sidney Prescott não deveria voltar para Pânico 7

3 provas de que Sidney Prescott não deveria voltar para Pânico 7

Sidney Prescott, protagonista dos quatro primeiros filmes da franquia Pânico, a icônica “final girl” do terror desde os anos 90, se despediu dos fãs no quinto filme, Pânico (2022), ao passar o bastão de sobrevivente recorrente para Sam Carpenter, a nova protagonista.

Foi uma despedida emocionante para os fãs antigos e um belo começo para os recém-chegados, mas todo esse impacto corre o risco de perder sua força com as recentes polêmicas envolvendo Pânico, principalmente se Neve Campbell, a atriz que interpreta Sidney, realmente voltar para os filmes.

Neve Campbell como Sidney em Pânico (1996)
Neve Campbell como Sidney em Pânico (1996)| Imagem: divulgação

As polêmicas demissões de Pânico 7

Seguindo os dois lançamentos anteriores, Pânico VII deveria estar em cartaz em janeiro de 2024. No entanto, o filme encontra-se parado, precisando ter seu roteiro completamente reescrito devido à perda não apenas de uma, mas das duas personagens principais.

As irmãs Carpenter, interpretadas por Melissa Barrera e Jenna Ortega, estão fora do próximo filme por motivos diferentes. Enquanto Ortega se demitiu para ter liberdade na agenda e gravar a segunda temporada da série Wandinha, da Netflix, Melissa foi demitida pela produtora Spyglass por se posicionar contra o atual genocídio na Faixa de Gaza.

Ambas as demissões foram anunciadas simultaneamente, deixando Pânico 7 sem suas duas personagens mais importantes da noite para o dia. Desde então, os fãs clamam por novidades sobre o filme, havendo rumores de um reboot da franquia, de continuar a história sem as personagens ou até mesmo de substituir as atrizes em seus papéis.

Melissa Barrera (“Sam Carpenter”), e Jenna Ortega (“Tara Carpenter”) no filme Pânico VI | Imagem: reprodução
Melissa Barrera (“Sam Carpenter”), e Jenna Ortega (“Tara Carpenter”) no filme Pânico VI | Imagem: reprodução

E nesse alvoroço de fãs que, compreensivelmente, querem saber o que será feito de uma das franquias mais importantes do terror, é claro que uma pergunta ficou muito evidente: Sidney Prescott pode voltar?

Neve Campbell falou em entrevista sobre Pânico 7

Em uma entrevista recente, Campbell revelou que ficou chateada ao ver a franquia em que participou por mais de 25 anos estar em uma fase tão complicada e afirmou que estaria disposta a voltar para um próximo filme.

É bom lembrar que, apesar de terem feito uma despedida à altura do legado da personagem em Pânico (2022), a decisão de sair da franquia foi da própria atriz. Ela alegou que não acreditava que seu salário correspondia à sua importância para Pânico.

Em um momento em que a franquia se encontra tão instável e com seu futuro imprevisível, é comum que os fãs queiram trazer de volta uma personagem tão querida e importante. No entanto, existem três motivos que provam que essa não seria a melhor saída; na verdade, seria uma das piores.

Neve Campbell em seu papel em Poder e a Lei
Neve Campbell em seu papel em Poder e a Lei | Imagem: divulgação

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A “obrigação” de Pânico

Wes Craven, diretor dos quatro primeiros filmes da franquia, falecido em 2015, elevou Pânico a um patamar único. Ao demorar 11 anos para trazer Pânico 4, ele decretou, sem precisar dizer nada – mas deixando claro em muitas entrevistas – que um novo filme da franquia precisava de um bom motivo para existir.

Wes Craven nos bastidores de Pânico (1996) com Neve Campbell e Courteney Cox
Wes Craven nos bastidores de Pânico (1996) com Neve Campbell e Courteney Cox | Imagem: divulgação

Cada novo filme de Pânico deve, segundo o próprio diretor, trazer algo relevante e inovador para os fãs, não apenas da franquia, mas do gênero como um todo. Entre cada novo lançamento de Pânico, centenas de filmes de terror chegam ao público, e o novo filme que se segue deve ter consciência disso, abordando os novos clichês, personagens e motivações.

Mesmo que seja mais evidente no primeiro e no quarto filme, essa franquia carrega o fardo de revolucionar e inovar todo o gênero a cada novo lançamento. Wes Craven sabia disso, e por isso a franquia, apesar de tão antiga quanto os maiores clássicos do terror, não tem nem metade da quantidade de filmes que outras têm.

Trazer Sidney de volta simplesmente para apelar para a nostalgia dos fãs e garantir uma boa bilheteria em meio ao caos das polêmicas é passar por cima do legado da franquia, ignorando toda a evolução que a personagem teve desde o primeiro filme e desrespeitar Wes Craven ao não seguir seu padrão de qualidade.

A jornada impecável de Sidney Prescott

Mesmo se ignorarmos os bastidores da produção dos filmes, se não analisarmos como Wes Craven, Kevin Williamson e os outros roteiristas mantiveram essa franquia tão relevante ao longo das décadas, ainda podemos notar o que está em tela: a própria personagem de Sidney Prescott.

Sidney começou em Pânico (1996) como uma adolescente cheia de traumas após a morte brutal de sua mãe, aprendendo a ser forte e usando sua voz para defender sua vida e daqueles próximos a ela.

Sidney Prescott em Pânico 2
Sidney Prescott em Pânico 2 | Imagem: divulgação

Ao longo de cinco filmes, vimos Sidney crescer, se apaixonar, se decepcionar, aprender com seus erros e amadurecer até se tornar uma mulher forte, sendo uma inspiração sem limites para todos os fãs.

Sua despedida no quinto filme, apesar de ter sido por motivos pessoais da atriz, foi feita de forma brilhante. Nunca no terror tivemos uma personagem legado, uma garota final, tendo a chance de se despedir dos fãs de forma tão clara em tela, saindo de sua franquia de cabeça erguida e vencendo todas as batalhas, mesmo que carregando muitas cicatrizes.

Sidney teve a oportunidade de seguir uma vida boa e viva após passar por cinco massacres. Nenhuma outra garota final teve essa sorte!

Trazer ela de volta é repetir o que foi feito com Gale Weathers em Pânico 6: ignorar o arco de evolução da personagem do final de Pânico (2022) e inventar qualquer situação em nome da nostalgia por ganância. Um desrespeito absurdo com o legado da personagem.

A revolução que não virá mais

Pânico estabeleceu ao longo de seus filmes que cada um deles iria revolucionar e mudar tudo quando o assunto é terror. Os fãs podiam aguardar ansiosamente, mesmo que demorasse, pois um novo filme chegaria para ser um marco no gênero, inspirando uma leva de outros filmes e contribuindo para a evolução do terror.

A franquia fez isso desde seu primeiro filme em 1996, introduzindo a metalinguagem e o entrelaçamento da narrativa em tela com a verdade do mundo real. Isso vai além dos personagens falando de outros clássicos do gênero dentro do filme; envolve a compreensão não só dos fãs que assistem aos filmes, mas também das pessoas envolvidas na produção.

A situação atual de Pânico é que uma atriz principal se sente desconectada da trama e sai do próximo filme por conflito de agenda. A nova garota final, que recebeu um arco de evolução diferente em dois filmes, mostrando um lado sombrio que a diferenciaria de outras personagens do cinema, foi descartada imediatamente por politicagem e intolerância (da parte de quem a demitiu). Essas situações, que deixaram até mesmo o diretor do filme chateado e decepcionado, criam um cenário tumultuado.

Nesse contexto, jogar Sidney Prescott de volta em Pânico 7 com um roteiro escrito às pressas, visando apenas o lucro do filme, sem discutir o impacto no gênero, parece ser a pior decisão possível. Isso seria ir contra o que Pânico sempre criticou: tornar-se um filme vazio de significado, servindo apenas para fazer o terror parecer um gênero barato e caça-níquel.

Sidney e Gale em Pânico (2022)
Sidney e Gale em Pânico (2022) | Imagem: divulgação

A melhor saída nem sempre é a que gostaríamos

Mesmo que o amor pela franquia esteja em alta desde seu renascimento em 2022, é hora dos novos fãs aprenderem o que os fãs antigos já sabem: de tempos em tempos, a franquia Pânico precisa ficar adormecida para que o terror evolua, e só então ela possa voltar com algo novo.

É comum querer mais filmes dos seus universos favoritos e ter de volta seus personagens mais amados. No entanto, é mais que necessário que isso não seja feito de qualquer forma apenas para agradar o público. Como aprendemos com tantas outras franquias de terror, é aí que a qualidade cai tanto que não resta mais ninguém pedindo por mais.

Sidney Prescott ficará marcada para sempre na história do terror como uma das maiores e melhores garotas finais de todos os tempos, uma das únicas a sobreviver a todos os seus filmes. Nostalgia não vale a pena se for para destruir seu legado e colocá-la na mesma categoria que personagens super usados pelo dinheiro.

Sid se despediu dos fãs em 2022; é hora dos fãs – e de Neve Campbell – dizerem adeus de volta.

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Apresentadora da Ala Secreta, uma comunidade onde fãs de Terror podem compartilhar sua paixão e aprender mais sobre o gênero, no Tik Tok, YouTube e Instagram.
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