Na Celebration Tour, Madonna se entrega e se emociona. Acima de tudo, ela lembra a todos, talvez esquecidos, que foi ela quem abriu caminho para que as próximas gerações pudessem correr. Nessa tour, a artista olha para o passado com carinho e gratidão, finalmente em paz com seu presente.

O Celebration Tour é uma viagem pela história do pop!
Os shows de Madonna têm uma reputação de sempre atrasarem, e não são pequenos atrasos. Na etapa lisboeta do Celebration Tour da Madonna, o público aguardou por uma hora e meia, um comportamento que contrasta com o profissionalismo pontual de outras divas pop, como Lady Gaga ou Beyoncé, que entram em cena seguindo rigorosamente o horário programado.
A frustração de alguns espectadores, incluindo o autor brasileiro de novelas Aguinaldo Silva, que expressou sua indignação em um post, foi notada no show do dia seis de novembro. No entanto, a imensa maioria do público que lotou a confortável e relativamente pequena Altice Arena esperou pacientemente e foi recompensada. Ao final da última música, a demora parecia ter sido esquecida, dando lugar à emoção vivida durante o espetáculo.
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A plateia prende a respiração explode quando Madonna aparece, majestosa em uma capa preta bufante, auréola dourada e sorriso radiante, entoando Nothing Really Matters. É ela, é real. Está acontecendo.
Logo em seguida, vêm Into the Groove e o segmento sobre a Nova York dos anos 80, no qual Madonna toca guitarra e relembra que iniciou sua carreira no icônico templo punk CBGB. Além disso, ocorre a primeira interação com a plateia, quando um fã brasileiro grita “gostosa”, e ela responde: “gostosa I understand, that must have been a brazilian“.
Sexo, lutas e metáforas: de Erotica a Justify my Love
A produção do show é monumental, mas cuidadosamente elaborada para que a tecnologia e os efeitos complementem a música e a dança, sem se sobrepor a elas.
Em duas músicas, Madonna sobe em um nicho vazado, de onde voa sobre a plateia. Durante Bedtime Stories, música de 1994 composta por Björk, ela canta deitada sobre um cubo luminoso, e apenas sua projeção é vista nas laterais da estrutura. São apenas alguns minutos, mas a ausência física da estrela chega a ser sentida.
Quatro décadas de polêmicas
Os imensos telões são utilizados de forma estratégica. Em Live to Tell, projetam os rostos de milhares de pessoas, famosas e anônimas, vítimas da AIDS. Nas primeiras notas de Don’t Cry for Me Argentina, o telão principal é dominado pelo rosto de Che Guevara.
Ao longo da música, sucedem-se retratos de diversas personalidades, incluindo Simone de Beauvoir, Angela Davis, Malcolm X, David Bowie e até Sinéad O’Connor. Talvez este seja um pedido de perdão tardio, considerando que Madonna virou as costas para a irlandesa no momento em que ela mais precisava de apoio, durante o incidente em que rasgou a foto do Papa no Saturday Night Live.
Na Celebration Tour, a vida e a arte de Madonna são uma coisa só

Em Vogue, o cenário se transforma em um ballroom, e a música se estende por cerca de dez minutos, com cada dançarino se apresentando para um júri composto por Madonna e um convidado especial, um amigo pessoal da diva.
Desta vez, foi o modelo espanhol Jon Kortajarena, e na noite seguinte, o estilista Jean-Paul Gaultier assumiria o papel. A última a andar na passarela e se exibir para o júri é Estere, a filha de 11 anos da cantora, uma exímia dançarina de vogue, que recebe a nota 10.
Neste show, não teve a presença de Lola León, mas Mercy James acompanha a mãe ao piano em Bad Girl, e David Banda toca violão em La Isla Bonita. “Há sete anos, eu me mudei para Lisboa para que meu filho pudesse jogar futebol, mas agora ele quer ser cantor. Pode isso, gente?“, diz Madonna, e por um momento, ela parece estar conversando com parentes na cozinha de casa.
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Vida longa e próspera à rainha!

É impressionante como essa mulher, com 1,61m de altura e 65 anos, consegue irradiar tanto carisma enquanto mantém uma notável humanidade. Carregando o nome da Virgem Maria, sua energia é terrena, não infalível, mas sim resiliente. Uma diva que erra e aprende, cai e se levanta, guarda rancor e ama com paixão.
Ela está naquele palco porque precisa disso, sempre precisou, sempre quis. Nas suas próprias palavras, “I think the most controversial thing I have ever done is to stick around” (acho que a coisa mais transgressora que já fiz foi continuar por aqui).