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DELIRIUM NERD
LEIA MULHERES, LITERATURA

[LIVROS] Por que “Sonata em Auschwitz” é mais necessário do que nunca?

por Camille Legrand · 30 de abril de 2018

No início da leitura de Uma Sonata em Auschwitz, o mundo era de determinada maneira. Era um mundo em que o holocausto era um fantasma constante e assustador, o qual nos certificava que a memória de tal acontecimento sombrio da história da humanidade estava viva nas mentes das pessoas, de forma que não poderia – ou pelo menos seria difícil – de se repetir.

Esse pensamento, infelizmente, caiu por terra com a divulgação de uma pesquisa da empresa de pesquisa Schoen Consulting, encomendada pela Conferência em Alegações Materiais Judaicas contra a Alemanha, em que foi constatado que:

  1. 2/3 dos jovens de 18-34 anos (millenials) não sabem o que é Auschwitz;

  2. 22% não tem certeza do que seja o holocausto e;

  3. 41% acreditam que 2 milhões ou menos de judeus foram mortos nos campos de concentração ao longo do regime nazista.

Na imagem: “O trabalho liberta”. Entrada do campo de Auschwitz-Birkenau (reprodução)

Saber dessa notícia após ler um livro, na verdade, após ler um relato sobre as atrocidades (especialmente psicológicas) efetuadas dentro e com o aval do regime nazista, é extremamente perturbador. Isso ainda se acirra se pensarmos na época de crescimento nacionalista, xenófobo, racista e imperialista que – mais uma vez – vivemos, com o aparecimento de figuras públicas abertamente fascistas e contrárias a plena igualdade étnica-racial, social e econômica.

A obra de Luize Valente, escritora e documentarista brasileira, consegue nos levar perigosamente para dentro da história, não apenas de Auschwitz, mas também de tudo aquilo vivido pelos judeus – sem contar negros, homossexuais, ciganos e etc – decorrente do regime nazista que maculou a história recente, europeia e mundial.

Na imagem: Luize Valente (reprodução)

Com uma proposta de romance, a trama inicial do livro se mistura e se transforma em uma história que trata, na verdade, de umma mistura entre descobrimento (tanto particular quanto coletivo) e identificação universal. Uma busca de plenitude pessoal e familiar, em meio a assuntos tão intensos e necessários quanto a discussão do holocausto, nos transporta a um igual reconhecimento da importância do relato.

Adele, a vítima protagonista da história em questão, não escolhe esconder nenhum dos sofrimentos que ela, seus amigos e semelhantes vivenciaram ao longo das páginas do livro, o que torna a vivência através de suas experiências ainda mais direta e intensa, de forma que, por vezes, é preciso interromper a leitura para nos recuperarmos do que acabou de ser lido e, por conseguinte, sentido.

“O mundo continuava do mesmo jeito. Injustiças, opressão, racismo, antissemitismo existiriam para sempre. No pouco mais de meio século que a separava do fim da Segunda Guerra Mundial, quantos confrontos se haviam sucedido?”

Apesar disso, Sonata em Auschwitz ainda consegue nos entregar uma história de esperança e amor, na qual até mesmo aqueles que a primeira vista seriam os vilões, se mostram como, mesmo que em pequena medida e na determinada situação, heróis. Afinal, é um oficial nazista alemão que salva a vida de uma bebê judia de Auschwitz e permite que ela tenha, ao mínimo, uma chance.

A trama ainda nos dá um incrível exemplo de representação feminina, conseguindo apresentar uma gama incrível de personagens, tanto no passado quanto no presente. Adele, Amália, Frida, as Hayas e as demais, foram todas belas e profundamente apresentadas e representadas pela autora, de maneira que não apenas conseguimos visualizar perfeitamente o que transcrevem, mas também sentir o que nos contam – seja direta ou indiretamente.

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Inclusive, não é exagero dizer que a narrativa se torna ainda mais fácil de ser compreendida, em razão da grande presença feminina nela; já que os sentimentos, fatos históricos e vivências são cristalinamente passadas através das falas e lembranças das personagens femininas, as verdadeiras protagonistas da obra de Valente.

No mais, uma maneira fluida, clara, verdadeira, detalhada e completamente emocional, pinta a narrativa extremamente necessária de Luize Valente, principalmente diante do nosso atual cenário político e social. A obra, mesmo que de certa forma fictícia (não na parte da veracidade do holocausto, é claro) é importante e forte. Com certeza vale a leitura, agora, mais do que nunca.

É difícil ler o livro e não sentir o peso que da história de Adele – e que tantos(a) outros(a) – carrega e faz transbordar nas nossas vidas. Como voltar normalmente ao cotidiano após ler tal relato? Como permanecer vivendo ao saber que isso aconteceu e, infelizmente, continua acontecendo?

“No fundo, o que queria ter dito era: as pessoas só sentem quando é com elas.”

Essas são perguntas extremamente difíceis, com respostas aparentemente impossíveis. É muito difícil sair de nosso conforto para realmente fazer alguma coisa em relação as injustiças do mundo, já que muitas vezes parecemos tão pequenos e impotentes diante do tamanho da injustiça e daqueles que a fazem. “Por que o povo alemão não impediu?” é uma pergunta que ecoa desde o fim de regime nazista e que, na verdade, pode ser repetida até hoje em diversas e distintas situações.

“Uma coisa que aprendi em Auschwitz é que a gente até consegue viver sozinho, mas sobreviver? (…) Ninguém que sobreviveu aos campos sobreviveu sozinho. E verdadeiros amigos morreram para que sobrevivêssemos.

De longe, somos apenas uma voz, é verdade. Mas o que a soma de diversas únicas vozes não pode fazer? Acreditamos que poderiam ter impedido o holocausto, assim como se esforçam para hoje impedir novos casos de genocídio e discriminação de raça, etnia, gênero, sexo e etc. Nos resta, contudo, esperar que a empatia universal seja mais forte que o comodismo.


Sonata em Auschwitz

Luize Valente

Editora Record

378 páginas

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Camille Legrand

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