Lenin, The Lion é um jogo brasileiro e independente que vai te emocionar! Em desenvolvimento desde 2017, deve ser lançado ainda em 2019 e foi visto pela equipe do Delirium Nerd durante a última Brasil Game Show, em outubro de 2018. O jogo está sendo produzido por Lornyon, historiador de arte e ilustrador que desenvolve games sem fins lucrativos desde 2009, com produção e distribuição limitadas. O desenvolvedor é apaixonado por “Legend of Zelda”, “Child of Light”, “Mother” e “Earthbound”, referências vistas em cada detalhe da produção, além de desempenhar também as funções de programador, roteirista, ilustrador, animador e até community manager!
A história de Lenin, The Lion
Mais que um jovem leão adolescente, com todos os dilemas que qualquer um de nós já presenciou um dia, Lenin é um leão albino que sente-se inseguro graças à sua condição. O protagonista também tem de lutar contra a intimidação e o bullying praticados por outras crianças e adolescentes e a segregação da comunidade de sua vila. Da mesma forma, a relação com a mãe não é simples, pois ela não entende os motivos para seu filho ser desse jeito. Muito além de ser tratado com essa crueldade simplesmente por ser diferente, ao longo de “Lenin, The Lion” percebemos que, na verdade, a depressão é o maior problema de Lenin.
Gameplay
No melhor estilo RPG, Lenin, The Lion se diferencia por não possuir batalhas e níveis de personagem ou de habilidades, sendo que todas as ações acontecem por puzzles e conversação com NPCs. Nestes diálogos sempre há mais de uma opção para a jogadora que não causam, necessariamente, prejuízo para a moral do personagem, mas definem o futuro do jovem Lenin. O jogo conta uma única história principal, mais cenas alternativas. Além disso, há finais de cada área e novos diálogos podem ser desbloqueados de acordo com as escolhas da jogadora. Mais um detalhe importantíssimo: a mochila de Lenin é o menu do jogo e você pode perdê-la em sua jornada, portanto tenha muita atenção durante a sua aventura!
Saúde mental
O mundo de Lenin, The Lion traz muitas referências à depressão, como os sintomas, características da doença e até tratamentos. Há até um bosque chamado Bipolar, que mais parece um labirinto, onde a jogadora precisa conversar com as árvores para encontrar um caminho que a permita sair.
Mas além da sutileza visual para falar sobre o tema, ao longo do jogo somos apresentadas também à forma como Lenin lida com seus problemas: é como se o protagonista vivesse em outra realidade, diferente do resto do mundo, e é impossível não pensar em todas as pessoas socialmente excluídas, independente do motivo, que precisam criar artifícios para tornar a própria existência mais tolerável.
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Jogar Lenin, The Lion é um lúdico exercício de empatia, sobre colocar-se no lugar do outro e tentar entender como sentem-se estas pessoas segregadas apenas por serem diferentes. Lenin também encontra personagens durante a sua jornada, representados por outras espécies de animais, que o ajudam a lidar com seus problemas e suas inquietações, e é interessante notar que a narrativa não tenta convencer que a “força da amizade” irá curar a depressão do protagonista, mas que ter uma rede de apoio é importante para identificar o problema e essencial na busca por ajuda quando o assunto é saúde mental.
Masculinidade tóxica
Outro ponto que merece destaque é a forma como o desenvolvedor mostra a vida cotidiana de Lenin, mesclando a sua aventura com atividades rotineiras e momentos de desconforto, dor e solidão. O personagem precisa “lutar” contra inimigos externos, mas principalmente contra seus medos e monstros interiores. Com um jeito sutil e lúdico, Lenin, The Lion mostra que não é apenas de momentos tristes que vivem aqueles que sofrem de depressão.
Com isso em mente, não podemos deixar de falar da importância de uma obra sobre um tema tão essencial protagonizado por um personagem masculino. Jogos sobre depressão e saúde mental não são novidade, principalmente na cena indie, mas com frequência são personagens femininas que assumem o seu protagonismo. Gris, Celeste e Distortions, só para citar alguns mais atuais, são bons exemplos e até colecionam prêmios pela sua qualidade. Os dois últimos, inclusive, são jogos produzidos por desenvolvedoras brasileiras!
Portanto, com tantas representações masculinas tóxicas, que adoecem meninos e vitimam meninas, ter um personagem tão doce e delicado, mas com tanta força dentro de si, é, no mínimo, gratificante.
Jogo original e premiado
O trabalho visto nesta prévia de Lenin parece o esforço de um estúdio inteiro, mas é feito praticamente por uma única pessoa. Além da arte, a trilha sonora também é original, desenvolvida por Alan e Jon Shárper. Apesar de ainda estar em desenvolvimento, Lenin, The Lion ganhou o prêmio de Melhor Jogo com Impacto Social, no Brazil’s Independent Games Festival 2018, e de Melhor Jogo Indie, na Brasil Game Show 2018.
O jogo estará disponível para PC, já pode ser visto na steam e na itch.io, e no site oficial você pode baixar uma demo de Lenin, The Lion e se emocionar enquanto aguarda o lançamento oficial do jogo!
Edição realizada por Gabriela Prado.