Willow: o retorno Terra da Magia é incerto

Willow: o retorno Terra da Magia é incerto

A década de 1980 foi marcada por clássicos do cinema. Entre essas produções, Willow: Na Terra da Magia (1988) se destaca por ser uma fantasia cheia de aventuras épicas, além de todos os avanços cinematográficos utilizados em sua produção. E seguindo a tendência de resgate a franquias famosas, o showrunner Jonathan Kasdan trouxe para o Disney+ uma sequência para o filme.

A história de Willow

Vinte anos depois de Madmartigan (Val Kilmer) supostamente derrotar a rainha Bavmorda (Jean Marsh), conhecemos Kit (Ruby Cruz) e Airk (Dempsey Bryk), filhos do herói e de Sorcha (Joanne Whalley), rainha de Tir Asleen. Joanne Whalley e Warwick Davis retornam para seus papéis, mas Val Kilmer está afastado das telas desde 2017 devido a um problema de saúde, e na série seu personagem está desaparecido.

Os atores Ruby Cruz, Amar Chadha-Patel e Erin Kellyman em Willow.
Ruby Cruz, Amar Chadha-Patel e Erin Kellyman em Willow. (Foto: Disney+/Lucasfilm).

Neste contexto, Sorscha busca um noivo para Kit, enquanto Airk vive um romance proibido com Dove (Ellie Bamber), uma ajudante da cozinha. Mas o clima de paz em Tir Asleen rapidamente se desfaz em um ataque surpresa ocorrido durante a noite e o príncipe Airk é sequestrado. Sorscha então ordena que Kit procure pelo feiticeiro Willow (Warwick Davis) e peça ajuda para trazer Airk de volta.

E assim o grupo de aventureiros é formado. Kit e sua melhor amiga e cavaleira juramentada Jade (Erin Kellyman), um guerreiro não muito confiável chamado Boorman (Amar Chadha-Patel), Dove que se releva ser Elora Danan a pessoa destinada a salvar o mundo, Graydon (Tony Revolori) o futuro noivo de Kit e, claro Willow.

Críticas

O diferencial da série é que a narrativa não precisa ser densa, dramática e extremamente perigosa para ser cativante. Claro, os personagens de Willow passam por diversos perigos e batalhas, mas o espectador sabe que alguma solução vai surgir e tudo ficará bem no final, porque a série mantém o tom de seu antecessor.

Os atores Ruby Cruz, Amar Chadha-Patel, Erin Kellyman e Tony Revolori em Willow.
Ruby Cruz, Amar Chadha-Patel, Erin Kellyman e Tony Revolori em Willow. (Foto: Disney+/Lucasfilm)

Tudo ficará bem… por pouco tempo. Porque existe a trama principal, mas cada episódio tem sua própria história para contar, como se os personagens passassem por dungeons secundárias enquanto avançam em seu caminho. Cada um desses acontecimentos tem seu peso para o amadurecimento dos aventureiros.

E apesar de todas essas pequenas missões serem divertidas e o crescimento de cada um ser importante para a trama, a ênfase na jornada individual e as subtramas quase deixam de lado o real perigo de Bavmorda retornar e os perigos que ela pode causar à Airk e ao reino.

O roteiro também não deixa claro o suficiente o motivo de Willow temer tanto o retorno da vilã e a urgência que Elora deve ter para que derrota-la a qualquer custo. Até mesmo quando Airk interage com Bavmorda, não há profundidade o suficiente para que se entenda a extensão dos poderes ou da maldade que a personagem carrega.

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Em contrapartida, Willow é como um respiro após um ano lotado de mídias de propostas complexas e dramáticas. É o tipo de série perfeito para uma maratona de fim de semana, por exemplo. Os pontos fracos da série são de fato muito evidentes, mas a dinâmica que os personagens criam entre si e a história que eles constroem juntos cativa e envolve o telespectador.

Vários desses comentários negativos se dão porque a série segue o formato narrativo do filme. E não se preocupa em ser densa e aprofundada, como outras séries de fantasia lançadas em 2022. Além disso, comparar Willow com essas obras não é exatamente justo, porque a franquia sempre se propôs a retratar fantasia leve, com personagens quase caricatos e a típica trama de bem versus mal.

Rumores sobre Willow

A obra dividiu opiniões da crítica especializada, com nota de 5,6 no IMDb, 83% de aprovação no Rotten Tomatoes e nota 70 no Metacritic. Também recepções negativas do público geral, durante o seu lançamento, apesar de ter uma recepção positiva de gerações mais jovens.

E houveram ainda, pessoas que não ficaram satisfeitas com a série pelas temáticas abordadas. O que torna claro que boa parte das críticas é LGBTfobia disfarçada.

Kit é uma princesa que deseja ser cavaleira e não gosta de vestidos e coisas principescas. E Jade, cavaleira juramentada do reino, é perdidamente apaixonada por Kit. Elas são melhores amigas, mas desde o primeiro episódio a tensão entre elas é estabelecida. Ao longo da trama, os sentimentos delas são tratados com naturalidade. Assisti-las descobrindo o amor e dando pequenos passos na transição entre amizade e romance foi um dos pontos altos da temporada.

Willow carrega muito de seu antecessor. Mas a série se reinventa e mostra um casal sáfico – o primeiro da Disney – em uma trope onde o tema nem sempre é explorado ou sequer existe. Entre as opiniões positivas sobre a série na internet, várias pessoas destacaram a importância do relacionamento entre Kit e Jade, ainda mais no Disney+.

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Contudo, o futuro da série não é muito claro. Recentemente, o site Deadline divulgou que a série havia sido cancelada, pois o streaming estaria interessado em produções que gerem mais lucro, como as séries derivadas de Star Wars. A baixa audiência também teria sido um dos motivos, apesar de a série não ter tido uma divulgação significativa.

Mas no dia seguinte, Jonathan Kasdan veio a público dizer que a série não havia sido cancelada, somente pausada por tempo indeterminado e que os atores haviam sido dispensados pelos próximos 12 meses. Mas não deu previsão de quando a produção será retomada.

E apesar de parecer esperançoso por uma sequência, a longa lista de cancelamentos de séries LGBTQIAP+ deixa os fãs apreensivos sobre o futuro da série. É sempre amargo como séries com representatividade sempre precisam suprir expectativas extremamente altas para serem renovadas ou serem levadas à sério.

A primeira temporada de Willow deixa a desejar, mas tem grande potencial para se expandir e explorar o mundo retratado se corrigir as pontas soltas deixadas. E Kasdan parece ciente e disposto a fazer isso, mas no cenário atual, é difícil manter alguma esperança. Ainda que Willow poderia abrir as portas de um armário que o público jovem espera há muito tempo que sejam abertas na Disney.

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Escrito por:

Escritora que nunca terminou seu livro, estudo narrativa e sou apaixonada por distopias. Também adoro animes, cultura japonesa e joguinhos indies... também sou arquiteta e urbanista quando sobra tempo.
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