Lost in Random é um jogo independente de ação e aventura desenvolvido pela Zoink Games e distribuído pela Eletronic Arts em 2021 para PC, Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X/S. Nele, a ambientação gótica é palco para uma aventura fantasiosa sobre as chances que não conseguimos ter.
Com uma premissa simples, baseando a sua história em uma busca para salvar a irmã, o título apresenta desde o trailer alguns detalhes interessantes em sua jogabilidade de combate e cenário.
Par e Ímpar
A nossa história começa com uma tradição do reino de Random: ao completar doze anos, toda criança precisa rodar o dado da rainha e o resultado definirá qual é o lugar que você passará o resto da sua vida.
Nós jogamos com uma garotinha chamada Even que vive em “Onecroft”, a região mais pobre e que representa o resultado número 1 do dado. E, mesmo morando em um lugar onde as pessoas não possuem oportunidades, ela é feliz ao lado de seus amigos e de sua irmã, Odd. As pequenas brincadeiras do grupo são frutos de uma infância ingênua, que se sente no seu próprio lar a partir da comunidade à sua volta.
O que quebra esse clima simples é o aniversário de sua irmã. Odd completa doze anos e é obrigada a girar o dado de acordo com essa grande premissa que a história traz. E, o que poderia ser felicidade para alguns, a menina tira um resultado 6, definindo que sua vida será no palácio, com a realeza.
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Mesmo inconformada com a resposta, Even deixa o tempo passar até que, um ano depois, um estranho sonho com um fantasma a chama para a aventura. A ideia de que sua irmã está em perigo a assusta e ela entende isso como um pedido de socorro que deve ser ouvido.
Portadora de Dados
Apesar de a premissa parecer apenas a de uma história simples e gótica sobre o desejo de proteger a irmã, o que realmente vai chamar a atenção é a forma como os dados importam para a narrativa.
Ainda nos primeiros momentos de jogo, Even encontra o Vale dos Dados, um local abandonado onde as pessoas buscavam esses mágicos objetos para gerar uma forte conexão e carregá-los para o resto de suas vidas. Semelhante a relação que temos entre humanos e animais dentro de A Bússola de Ouro.
E, aqui, somos apresentados a uma das partes mais interessantes (narrativas e mecânicas!) do jogo: o significado de ser uma Portadora de Dados.
O título possui uma jogabilidade de combate que mistura ação, cartas e o acaso. Em todas as situações de combates, precisamos coletar cristais presos no corpo de nossos inimigos, carregando qual será a nossa mão baseada no baralho. A partir disso, podemos rolar o Dicey, nosso companheiro, que nos dirá qual a mana que temos disponível para gastar com base no seu resultado.
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Dentre os poderes apresentados, temos formas de nos curar, conseguir novas armas, mudar o valor das cartas e até conjurar elementos para causar bastante dano. Tudo depende do que você consegue montar com um baralho de apenas quinze cartas.
Mas não para por aí! O jogo propõe uma leve progressão do que é possível fazer com as cartas, mostrando para nós que o nosso amigo só consegue rolar resultados de 1 e 2. Então, uma das formas de planejarmos o baralho e a sua força em campo é evoluindo o Dicey.
Porém, isso acontece de maneira bastante natural na narrativa, pois o único dado existente em Random é o da rainha e percebemos que para salvar a nossa irmã precisamos de um poder semelhante. Dessa forma, a evolução se torna precisa e é apenas mais uma ferramenta para conhecermos as outras propostas do título.
Um mundo em seis faces
Outro fator bastante interessante em Lost in Random é a sua construção de mundo. São seis regiões, cada uma representando uma faceta do dado e apresentando características muito além dos seus nomes para explicar as suas correspondências.
Um exemplo que vemos logo no começo é a “Two-Town”, que apresenta a sua dualidade através da personalidade dos cidadãos e de uma segunda cidade que está sendo criada dentro da mesma.
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Essa construção de mundo é bastante criativa, podendo atrair aqueles jogadores que gostam de assistir a mensagem que o título quer passar. A voz dos personagens é fantástica e a direção de arte possui um traço lindo, caminhando desde as histórias infantis até um conto de fantasia gótica.
Atravessando a história principal, temos essas complementações que trazem vida para as mais diferentes regiões. Narrativas infantis, histórias do passado e problemas de NPCs nos são apresentados para explorarmos e descobrirmos o que aquela região tem a nos dizer.
O número do dado é apenas uma porta de possibilidades para as escolhas criativas e narrativas que foram feitas aqui.
Conclusão
Lost in Random é um jogo de propostas muito interessantes, partindo principalmente da sua atmosfera e como ele apresenta a história através de um mundo governado pelo resultado dos dados.
E, com certeza, esse é o seu maior ponto positivo. A ambientação do jogo através da música, da arte e da voz dos personagens é fantástica, dando ao jogador a imersão de estar em um conto de fadas sombrio.
Entretanto, existem dois pontos que precisam ser levantados: a falta de tradução para o português e a grande quantidade de cutscenes apresentadas. O primeiro costuma corresponder ao entendimento de cada um sobre a língua, mas o segundo afeta principalmente aqueles que se incomodam com muitas cenas narradas por personagens.
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Lost in Random é um jogo de boas ideias e que quer contar essas histórias, por isso, esse ponto deve ser avaliado individualmente. Enquanto alguns jogadores podem se sentir incomodados com as várias interrupções, outros podem se encantar cada vez mais com o que o título procura apresentar. Em todo caso, esse é definitivamente um jogo que merece uma chance muito maior do que os dados podem mostrar.