Phoebe Waller-Bridge em Indiana Jones: viva a heroína caótica

Phoebe Waller-Bridge em Indiana Jones: viva a heroína caótica

O destino de Indiana Jones (Harrison Ford) é encerrar sua trajetória com este quinto e último filme (poderia ser pior, poderia ser a Caveira de Cristal). Mas, se tivermos sorte, a eterna Fleabag da galera ainda vai enveredar pelo caminho das tramas de ação e aventura. Phoebe Waller-Bridge em Indiana Jones e a Relíquia do Destino interpreta a co-protagonista Helena Shaw, a afilhada de Indy e filha de um velho e querido amigo dele.

Phoebe Waller-Bridge em Indiana Jones: Fleabag passa à ação

Phoebe Waller-Bridge passeia pelo filme com ar divertido, sem se levar muito a sério e, como sempre, emanando essa sua aura de herdeira excêntrica que trabalha por hobby. Contudo, de algum jeito ela nunca deixa de parecer simpática. E também ligeiramente perigosa: cute but psycho but cute. Os fãs de Fleabag até juram que em Indiana Jones e a Relíquia do Destino há referências à personagem da série, porque Helena Shaw (Phoebe Waller-Bridge) gosta de uma birita e tem sérias questões com compromisso emocional.

Porém, no longa-metragem, o fator nostalgia é determinante para definir a opinião que o espectador terá sobre o filme. Para quem, algum dia, largou no meio sua lição de casa porque “O Templo da Perdição” estava passando na Sessão da Tarde, a emoção de assistir a Indy no cinema vai dar à experiência um sabor que a história sozinha não proporciona. Já para os que não possuem esse tipo de conexão emocional com a franquia, as duas horas e meia certamente parecerão mais arrastadas.

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Phoebe Waller-Bridge em "Indiana Jones e a Relíquia do Destino", com Harrison Ford.
Phoebe Waller-Bridge em Indiana Jones e a Relíquia do Destino | Foto: Divulgação

Nostalgia sim, tecnologia também

Vale frisar que, apesar de parecer uma tentativa tardia de ressuscitar glórias esquecidas, a produção deste episódio da série estava prevista desde as suas origens. Quando Steven Spielberg e George Lucas venderam a ideia à Paramount em 1977, ela já era um projeto de cinco filmes com tramas independentes entre si. Só demoraram um pouquinho para entregar a última parcela. E, a julgar pela bilheteria deste, um sexto filme não teria mesmo muitas chances de acontecer.

A trama, como sempre, é apenas um pretexto para muitos planos mirabolantes, perseguições em veículos precários por vielas estreitas e cenários espetaculares filmados em locações reais, quase sem CGI. Esse “quase” é um grande quase, mas revelar o motivo seria dar spoiler. No mais, temos um idoso professor de Arqueologia, uma mestranda desempregada e um menino árabe lutando contra nazistas para salvar o mundo, proteger a História e ainda sair com vida. Isso não pode ser de todo ruim.

Mas o que talvez seja, sim, de todo ruim é o rosto do Harrison Ford rejuvenescido com IA na primeira meia hora de filme. Não está mal feito, mas se encontra definitivamente na zona da uncanny valley, que é quando algo é muito parecido ao ser humano, mas claramente não é humano. A mesma técnica foi usada no rosto do vilão, Mads Mikkelsen. Este, um bom ator que felizmente ou infelizmente nasceu com a estrutura óssea ideal para papéis de supremacista branco.

O rosto de Harrison Ford foi rejuvenecido com inteligência artificial.
O rosto de Harrison Ford foi rejuvenescido com inteligência artificial.

Phoebe Waller-Bridge em Indiana Jones: culpa do feminismo

Na internet, o filme foi criticado pela turma de sempre, incomodada com a presença de uma personagem feminina que não é par romântico e nem fica em segundo plano. Eles também se sentiram ofendidos pela suposta emasculação do protagonista Indiana Jones. Ou seja, pelo fato de que, tirando o bizarro rejuvenescimento supracitado, Harrison Ford não tenta disfarçar que tem 80 anos.

Aparentemente, o longa comete o pecado de ser “woke”. Na verdade, em comparação aos Indiana Jones anteriores, ele simplesmente evita estereotipar em excesso as culturas não-ocidentais e, de forma geral, procura não ferir direitos humanos (menos os dos nazistas, claro). “O mundo está muito chato”, diriam alguns.

Harrison Ford e Phoebe Waller-Bridge em foto de cena de Indiana Jones 5.
Fleabag tá diferente | Foto: divulgação

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Seis atrizes que seriam boas protagonistas de ação

Para além desses grupos de pessoas, o público que não assistiu Fleabag ficou mais imune ao charme “posh” da Phoebe Waller-Bridge. Mas a anti-heroína de moral duvidosa, que maneja tão bem o sarcasmo quanto as brigas de bar, é uma preciosidade que o cinema precisa voltar a valorizar. Portanto, segue uma despretensiosa lista com sugestões de atrizes carregadas de energia caótica que poderiam surpreender positivamente em papéis de ação e aventura.

  1. Fernanda Torres – Afinal, ela é a Fleabag da Zona Sul carioca. E mais, junto com a Andrea Beltrão, poderiam formar uma dupla de destemidas investigadoras particulares.

  2. Natasha Lyonne – Em Poker Face (2023 –), já foi possível apreciá-la como detetive amadora, azarada e fumante. Parafraseando uma fala de Modern Family sobre Meryl Streep, ela poderia interpretar Batman e não seria a escolha errada.

  3. Issa Rae – Ela tem uma energia doce, mas ainda assim caótica. Como uma balinha multicolorida de vários sabores misturados. Seria legal vê-la como garota normal que termina catapultada em meio a uma história de espionagem, por exemplo.

  4. Awkwafina – Seu rosto e voz já são uma presença constante nos filmes de ação, tanto live action como de animação. Até agora sempre foi coadjuvante, e está na hora de mudar isso.

  5. Alessandra Negrini – Seria bastante crível como alguém que topa pilotar um avião depois de ver um tutorial no YouTube. E saberia usar seu poder de sedução para enrolar os malvados.

  6. Ilana Glazer – Feche os olhos e imagine Ilana como imperatriz intergalática, com um primeiro-ministro interpretado por Jeff Goldblum.

Colagem em destaque: Isabelle Simões para o Delirium Nerd.

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Redatora, formada em Jornalismo no início do século, moradora da internet, gosta de falar sobre coisas que não existem.
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