A Love on Tour, a turnê do cantor britânico Harry Styles, começou em 4 de setembro de 2021 em Las Vegas, nos Estados Unidos, e teve seu grandioso final em 22 de julho de 2023, na cidade de Régio da Emília, na Itália. Inicialmente, a turnê foi utilizada para promover o álbum Fine Line, mas acabou se tornando também a turnê oficial do álbum mais recente de Styles, Harry’s House, seu terceiro trabalho de estúdio.
A Love on Tour transcende o conceito comum de ser apenas uma série de apresentações em diferentes países, pois carrega consigo um significado mais profundo. Isso começa pelo próprio nome, que possui uma conexão intrínseca com a intenção de Harry Styles de espalhar amor por onde passa, seja através de suas canções ou em cima do palco.
Muito além de ser apenas um show musical, as performances desta turnê proporcionaram uma experiência única. Ter a oportunidade de cantar suas músicas favoritas com um artista tão talentoso como Styles (especialmente quando você se identifica tanto com alguma letra a ponto de chorar durante toda a canção) é um evento inexplicável. Mas isso é apenas a ponta do iceberg.
A Love on Tour é muito mais do que apenas música
A segunda turnê mundial de Styles acabou se tornando uma jornada emocional, que envolve amor, conexão e união entre o público e o próprio cantor. Foram nesses momentos que os fãs encontraram pessoas que compartilham a mesma admiração pelo mesmo artista.
Estádios de futebol, teatros e espaços ao ar livre se tornaram locais seguros para o compartilhamento do amor de fãs de diferentes faixas etárias, sem medo de nenhum tipo de julgamento. É como se um elo invisível os unisse, transformando o público em uma comunidade acolhedora e solidária.
Essas conexões se fortaleceram tanto que pessoas que antes eram completas desconhecidas tornaram-se amigas próximas, como se fossem parte da mesma família. A atmosfera de união e respeito mútuo que prevaleceu desde o primeiro show, em 2021, criou um ambiente de apoio onde todos se sentiram à vontade para serem eles mesmos.
Estar imerso na bolha da idolatria faz com que nós, fãs, carreguemos conosco um peso enorme proveniente de comentários e olhares repetitivos que subjugam nossas paixões e a atenção dedicada aos artistas que amamos. Isso acaba sendo tão exaustivo que se torna mais fácil simplesmente não exteriorizarmos nossas admirações. Por esse motivo, estar cercado de pessoas que te compreendem, apoiam e não julgam suas decisões e sentimentos foi algo tão importante para todas as pessoas que tiveram a oportunidade de presenciar qualquer um dos shows da Love on Tour.
As amizades que se formaram durante a turnê são tão genuínas quanto aquelas que fizemos na infância e carregamos para o resto da vida, e algumas delas até mais do que isso. Veja bem, estamos falando de companheirismo de pessoas que passaram por horas, dias, semanas e até meses enfrentando chuva, sol e frio em uma fila ao ar livre.
Completos desconhecidos que dividiram comida, bebida, e até emprestaram roupas uns aos outros. Rostos nunca vistos antes e que acabaram nas galerias e redes sociais de outros estranhos, descritos como “amigos”. E foram esses desconhecidos que seguravam nas mãos uns dos outros, gritavam e cantavam em coro e enxugavam (mas também compartilhavam) as lágrimas em alguns dos momentos mais felizes de suas vidas.
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Harry Styles é mais do que apenas um ídolo
Para esta autora, é difícil compreender a maneira com que o público geral enxerga Harry Styles. Apesar do estrondoso sucesso mundial, é impossível vê-lo como a figura praticamente mítica pintada pela mídia e redes sociais. É difícil ver o Harry Styles (o artista inalcançável, vencedor de 4 Grammys, cujas músicas tocam em todos os lugares a todo momento) quando se está acostumada apenas com o Harry (aquele menino meio tímido da One Direction que escreve sobre o que sente, mas tem vergonha de compartilhar, mestre em malabarismo e piadas sem graça de toc-toc e que se desdobra em cem para ver as pessoas sorrindo e aproveitando suas vidas – até as que ele nem conhece).
Foi com ele que muita gente entendeu a importância de colocar em prática certos assuntos, como saúde mental e gentileza com o próximo. Foram seus figurinos coloridos e excêntricos que deram a confiança necessária para muitas pessoas começarem a se vestir como realmente se sentem confortáveis. Suas músicas melancólicas sobre solidão e dramas familiares foram a provocação que faltava para que um grande número de fãs iniciasse mudanças necessárias em suas vidas sem arrependimentos.
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Incontáveis indivíduos ao redor do mundo se inspiram em Styles para escolher o que vão vestir, como agir com outras pessoas, escolher o caminho certo para atingir seus objetivos e até mesmo para consertar um relacionamento quebrado. E essas situações estão longe de seguir o padrão de relações comuns entre ídolos e fãs. Algumas pessoas podem dizer que parece uma espécie de culto, mas acredito que seja mais correto definir como uma relação de família.
Sabemos que não estamos corretos o tempo todo e temos plena consciência de que ele também erra, até porque somos todos seres humanos vivendo no mesmo planeta ao mesmo tempo. Mesmo assim, continuamos a nos apoiar, espalhar positividade e compreensão uns aos outros a todo momento. Não julgamos alguém que decidiu faltar a uma aula para assistir a um show, ou quem preferiu gastar seu dinheiro com um ingresso em vez de uma viagem muito esperada.
Não rimos de alguém que se veste de cowboy para assistir uma performance pop (na verdade, incentivamos a continuar). E o mais importante de tudo: todos são extremamente bem-vindos, sem distinção alguma de raça, gênero, crença, biotipo, nacionalidade ou orientação sexual. Apesar de não compartilharmos do mesmo sangue, essa é a família da qual todos escolhemos fazer parte.
O final da Love on Tour também foi uma despedida dos palcos
Após o último show, Harry fez duas publicações para encerrar oficialmente essa etapa de sua carreira. A primeira foi um vídeo emotivo, publicado no feed de sua conta e na conta oficial de informações do cantor, com trechos retirados de diferentes etapas da turnê, destacando a devoção dos fãs.
Já na segunda, um story foi publicado na conta pessoal de Harry, onde ele agradeceu aos membros de sua banda e toda a equipe pelo apoio. Também estendeu seu muito obrigado a todas as pessoas que prestigiaram seus shows ao longo desses dois anos de turnê. Segundo ele, o público lhe deu memórias inesquecíveis e foi uma honra tocar para todas essas pessoas. Styles finalizou dizendo que ama seus fãs mais do que eles podem imaginar.
“Tem sido a melhor experiência da minha vida inteira. Obrigado à minha banda, e toda a equipe que fez esses últimos anos tão especiais. Foi um absoluto prazer.
A todos os que vieram nos ver tocar, obrigado. Eu me sinto tão completo e feliz, é tudo por causa de vocês. Vocês me deram memórias que vão durar por uma eternidade, mais do que eu poderia sonhar um dia.
Obrigado pelo seu tempo, sua energia, e seu amor. Tem sido uma honra tocar para vocês, espero que tenham se divertido tanto quanto eu me diverti.
Cuidem uns dos outros, vejo vocês novamente quando for a hora certa. Tratem as pessoas com gentileza. Amo vocês mais do que vocês podem imaginar.”
O irônico de tudo isso é que se essas mesmas palavras fossem usadas pelo público para falar sobre ele e a experiência de fazer parte da Love on Tour ao menos uma vez, também faria todo o sentido do mundo. Foram momentos de diversão, lágrimas, sorrisos e as mais genuínas demonstrações de felicidade.
Ele agradeceu por mudarmos a vida dele, mas a verdade é que foi ele quem mudou as nossas. Sem ele, talvez não conheceríamos nossos melhores amigos e nem teríamos lembranças tão doces quanto às frutas que protagonizam algumas de suas canções.
A Love On Tour pode ter acabado de rodar o mundo, mas viverá para sempre na memória afetiva de todos aqueles que, de alguma forma, fizeram parte dela; nas amizades firmadas durante os shows e nas emoções à flor da pele que ainda parecem tão recentes quando ouvimos qualquer música da setlist. Como já dito por Taylor Swift: foi o final de uma década, mas o início de uma era.
Colagem em destaque: Isabelle Simões para o Delirium Nerd.
