Com uma possível despedida, o novo longa de Hayao Miyazaki retrata os ciclos da vida e a trajetória que levou a uma de suas obras mais profundas. Vencedor do Globo de Ouro de melhor animação de 2024, O Menino e a Garça traz os pontos mais marcantes da filmografia do querido animador do Estúdio Ghibli.
O Menino e a Garça: a vida modificada pela guerra
O Menino e a Garça conta a história de uma criança que busca escapar da realidade, algo comum a muitos de nós.
O filme começa com Mahito Maki fugindo em meio às explosões da guerra e a um incêndio que leva sua mãe.
Em uma cena angustiante, porém visualmente bela, com os borrões do fogo e da visão em meio à fuga, Miyazaki nos entrega algo muito semelhante a outro filme da Ghibli, O túmulo dos vagalumes (1988), dirigido por Isao Takahata.
Ao fugir da guerra, Mahito vai morar com seu pai e a nova esposa, que está grávida, na antiga casa da família dela. Ao chegar lá, Mahito é recebido por uma garça que parece ter um interesse especial por ele.
Nos dias seguintes, ele é “atormentado” por essa garça, determinada a chamar sua atenção. Depois de muita resistência, o garoto finalmente decide segui-la até uma parte escondida da mansão, onde uma torre abandonada guarda histórias mais antigas do que qualquer membro vivo da família.
A sensibilidade e imaginação única de Miyazaki
Miyazaki retrata temas sensíveis e profundos através dos olhos de uma criança, como se tivesse um superpoder.
O diretor conhece todos os sonhos e mundos imaginários que povoam nossa mente durante a infância, desde uma árvore com portas até um grupo de pássaros que vivem em comunidades super organizadas, e até mesmo um ser que controla o equilíbrio do mundo empilhando pedras.
Mais uma vez, ele cria uma obra mágica e transforma em arte o simples ato de passar geleia no pão. Mas todo o trabalho de criação do filme vai além, com uma direção de arte precisa e cada frame com uma beleza e riqueza de detalhes estonteantes.
No roteiro, tudo é muito bem amarrado – até mesmo quando tantos temas são introduzidos que dá aquele medo de ficar algo de fora, sem explicação. Acreditamos que parte da arte de Miyazaki e do Estúdio Ghibli vem daí: tudo tem sentido, nada é por acaso.
Neste filme, temos toda a magia e personagens únicos como em A viagem de Chihiro (2001), a delicadeza de Meu amigo Totoro (1988) e o universo rico de detalhes como O castelo animado (2004). E assim como em todos os seus filmes anteriores, O Menino e a Garça parece saudar a natureza e todos os seus elementos fantásticos como uma velha amiga.
O Menino e a Garça estreia nesta quinta-feira (22) nos cinemas de todo o Brasil.