Os melhores filmes de 2020

Os melhores filmes de 2020

São obras que nos ajudaram a distrair e nos fizeram refletir nesse ano tão difícil. Confira a seguir alguns dos melhores filmes de 2020!

Indicado por Elisa Guimaraes

O Que Ficou Para Trás

Uma dúvida comum a todos que já assistiram a um filme de casa mal-assombrada é: por que os personagens só não vão embora? Muitas vezes, isso é explicado através da promessa de uma fortuna para os que sobreviverem a uma noite no local ou de uma completa descrença no sobrenatural.

Em O Que Ficou Para Trás, as coisas são diferentes. Bol (Sope Dirisu) e Rial (Wunmi Mosaku) sabem que os fantasmas de sua nova casa na Inglaterra são reais. Eles os levaram consigo quando deixaram o Sudão. Não fogem porque não têm como fugir. E também porque deixar as acomodações oferecidas pelo governo inglês significaria voltar para uma casa assolada pelos horrores da guerra.

A estreia de Remi Weekes na direção de longas-metragens mostra que um pequeno apartamento em um conjunto habitacional pode ser bem mais assustador do que uma mansão vitoriana. E que ambos nem se comparam aos fantasmas dos nossos traumas.

Indicado por Flavia Azolin

Borat: Subsequent Moviefilm

Esse ano Sacha Baron Cohen voltou a interpretar Borat, o repórter cazaquistão que marcou o mundo da comédia. Com críticas sociais ainda mais ácidas e uma aula de humor politicamente incorreto, o filme introduz o protagonista em uma nova aventura pelos Estados Unidos, desta vez, acompanhado por sua filha Tutar. O filme é mais do que atual, é quase simultâneo com a realidade enquanto aborda a vigente conjuntura do mundo tomado pela pandemia.

O retrato do pensamento negacionista e conspiracionista é trabalhado de forma ímpar. Se o primeiro filme lançava alguma sombra a respeito das intenções da história de Borat, a sequência não deixa margem para dúvidas – o mundo ianque é definitivamente motivo de piada aos olhos de Cohen e dos demais roteiristas, diretores e criadores.

Indicado por Isabelle Simões

Folklore: Sessões no Long Pond Studio

Assistir Folklore: Sessões no Long Pond Studio é como mergulhar num pedacinho da mente fascinante de Taylor Swift e desmistificar parte do aclamado Folklore, álbum surpresa que a cantora lançou dia 24 de julho de 2020, fruto de uma produção realizada no período pandêmico. 

O lançamento de Folklore, ocorrido na madrugada de sexta-feira, foi quase um delírio coletivo (no bom sentido, claro). Talvez sob condição do isolamento social, grande parte dos fãs da artista estavam comentando no Twitter suas canções favoritas, elaborando diversas teorias sobre o significado das personagens ficcionais criadas por Taylor na inauguração de sua nova era folk. 

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Lançado pela Disney+, Folklore: Sessões no Long Pond Studio nos permitiu finalmente compreender a origem de cada canção, com direito a cenas de Taylor conversando ao lado dos colegas Aaron Dessner Jack Antonoff, responsáveis por algumas canções do álbum. Com um toque intimista, além do belíssimo cenário bucólico do Long Pond Studio, presenciamos uma Taylor mais madura e segura em suas criações. Parece que as auroras e prosas tristes combinaram muito bem com essa nova fase da artista.

Indicado por Juliana Trevisan

Host

2020 foi o ano da pandemia, nossas relações e cotidiano foram atravessados pelas normas restritivas de segurança e pelo medo da contaminação. Aulas e reuniões online se tornaram rotina, e por que não uma sessão para convocar espíritos online? Essa é a proposta do filme Host, dirigido por Rob Savage.

O longa de 57 minutos se passa em uma reunião do Zoom, plataforma de videoconferência que viralizou no início da pandemia, e traz os novos costumes do isolamento, como reuniões com os amigos, quedas de conexão, interrupções inesperadas, câmera na mão e os assombros desse espírito convocado de modo remoto. Pela identificação com o momento em que vivemos e pela criatividade, Host entra com facilidade como um dos melhores filmes do ano.

Indicado por Camille Legrand e Ibiti

The Old Guard

Camille: O filme original da Netflix foi uma brisa de ar fresco em meio a pandemia, sendo capaz de triunfar ao misturar aventura, ação, romance (homossexual) e girl power em uma coesão de pouco mais de 2 horas. Protagonizado por Charlize Theron, uma inegável força no gênero, o longa se utiliza de fatores de fantásticos (a imortalidade) para criar uma trama que é ao mesmo tempo familiar e inovadora. Há um ritmo rápido e poucas explicações, mas elas não são propriamente necessárias.

The Old Guard, na verdade, se funda na conexão emocional, seja em relação a triste existência da guarda seja em relação ao repúdio a ganância e falta de escrúpulos dos vilões. É uma boa maneira de se abster da presente situação, bem como um exemplo de história bem escrita e personagens – no geral – bem desenvolvidos, sendo seus ideais simples, mas suficientemente identificatórios para que sejam facilmente aceitos pelo público – um entretenimento certo!

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Ibiti: The Old Guard evidencia, com propriedade, que as mulheres são excelentes protagonistas de filmes de ação. E este é um dos seus principais méritos. O longa é baseado nas histórias em quadrinhos de Greg Rucka, também responsável pelo roteiro que guia a narrativa nas telas. A crítica respondeu de forma positiva e mais de 70 milhões de pessoas assistiram ao filme, o que pode colaborar para uma continuação. Estamos na torcida!

Indicado por Mia Sodré

Emma

Talvez o filme que mais assisti durante 2020, Emma é uma história clássica de Jane Austen (seu melhor livro, me atrevo a dizer) com uma heroína imperfeita. Emma Woodhouse é rica, inteligente e bonita, mas não é uma pessoa muito agradável. Seu senso de superioridade a impede de se aproximar verdadeiramente das pessoas. No entanto, isso muda quando ela se vê motivada a ajudar uma menina pobre, Harriet Smith, a conseguir entrar na roda da alta sociedade e arranjar um bom casamento com um cavalheiro.

Embora haja algumas reviravoltas na história e um romance verdadeiramente bem construído, o trunfo de Emma é mostrar uma protagonista longe de ser perfeita, mas que tenta dar o seu melhor e aprende a ser uma pessoa mais honesta consigo mesma. O filme, todo em tons pastel, é uma obra de arte. Emma finalmente ganhou uma adaptação perfeita.

Indicado por Clarissa Amariz

Adoráveis Mulheres

O tão aguardado segundo longa da diretora Greta Gerwig (que também dirigiu Lady Bird), veio cheio de expectativa de alguns, e até um pouco de desconfiança de outros, já que se tratava de uma adaptação de uma obra já bem conhecida e querida pelo público, Adoráveis Mulheres de Louisa May Alcott (1868).

Não apenas o filme de 2019 (com a estreia no Brasil só no início de 2020) atendeu os anseios do exigente público literário, como os superou em muitos aspectos, dando roupagem nova às discussões pertinentes elaboradas por Alcott no livro ainda no século 19, mas com uma “cara” e “corpo” de século 21, trazendo o público pertinho da trama e – e do elenco estelar e talentosíssimo – aquecendo os corações de quem o assistiu nos cinemas. 

Indicado por Bruna David

The Boys in the band

Um dos resultados da parceria frutífera de Ryan Murphy com a Netflix, o filme The boys in the band é um filme para se apreciar. Não digo isso porque seja fácil de ver. O filme é uma adaptação da peça homônima da Broadway – que esteve em cartaz na década de 60 – e narra os acontecimentos de uma festa de aniversário.

A história é sobre homens que amam homens e todas as dores e delícias de ser alguém da comunidade LGBTI+ nos anos 60 na pré-revolução de Stonewall. Temos as cores típicas de Ryan Murphy num cenário simples – um apartamento – e o grande destaque fica com o elenco, que conta com nomes como Jim Parsons, Matt Bommer, entre outros.

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No entanto, é importante dizer que todos os atores que interpretaram os protagonistas se consideram não heterossexuais. Ou seja, a experiência se mostra profunda nas coisas ditas e não ditas, nas violências, no corpo a corpo. Um filme que incomoda, pois nos faz pensar nos nossos próprios incômodos.

Indicados por Nathalia de Morais

Happiest Season

O filme que todos precisávamos. Happiest Season, da diretora Clea DuVall, aborda não apenas o amor entre duas mulheres, mas o faz de forma realista. Sem o conto de fadas— sim, queremos o conto de fadas, mas como é dito no próprio filme, cada um tem sua história. E o medo faz parte. O medo paralisante também.

Kristen Stewart compreendeu isso ao nos entregar um filme natalino onde todas as desaventuras acontecem, e muita gente ainda saiu shippando ela com a personagem da Plaza. Imaginem o poder de reunir sua família e mostrar que o amor LGBQTIA+ precisa de suporte. Que o ambiente, a família, tudo ao seu redor tem influência sobre como você vai lidar com alguém. Como você vai amar alguém. Neste Natal, junte sua família, uns aliados, ou recomende — olá, longa distância — para mostrar que o Natal pode ser mágico para todos nós. Ele deve ser mágico para todos nós.

Possessor

Natural herdeiro espiritual de David Cronenberg, os filmes de seu filho, Brandon Cronenberg, parecem compostos em algum espaço perdido de tempo— onde a tecnologia domina, mas é analógica. Em contradição, o principal domínio tecnológico desse horror psicológico é uma máquina que deve ter vindo do futuro, algum episódio de Black Mirror, ou existe por aí, usada por empresas multimilionárias.

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Como o título entrega, trata-se de uma espécie de possessão, onde um assassino de aluguel pega seu corpo emprestado para elaborar planos sofisticados contra corporações que possuam dinheiro o suficiente para pagar. Existe uma busca por humanidade, esperança, um conflito entre hospedeiros. O resultado vamos manter em segredo, mas assistir Christopher Abbott, Andrea e Jennifer Jason Leigh e Sean Bean encontrando o pior lado de suas morais é algo que vai te deixar preso na poltrona por duas horas. 

Possessor entrega performance, intensidade, um universo no meio do nada, sangue, e um final que talvez te faça falar alguns palavrões.

Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa

Quem disse que foi um ano perdido para os filmes de heróis é um tolo. Ou abatido pela amnésia do excelente Aves de Rapina – comandado por uma Margot Robbie finalmente em total controle. E que diferença ela fez na produção: não há ângulo íntimo algum das mulheres, ainda que os visuais sejam sexy, fashion, ousados. Finalmente uma película feminina compreendeu que mulheres não compram roupas na mesma loja e não mantém a mesma personalidade genérica.

Ao que interessa: o grupo de mulheres que se reúne por uma noite tem uma química fantástica, destaque para Jurnee Smollett, sua já consolidada carreira ganhou mais e mais papéis. Além da não sexualização, tem ação do começo ao fim, comédia e atuações acima da média. Aliás, o elenco parece estar se divertindo a cada segundo. Fora a diversidade. Cada Canarinho que vai se olhar na Jurnee e dizer que pode ser uma heroína. Cada latina que pode ser uma Montoya. Cada asiática que pode ser uma Cass. E cada uma de nós, que pode arranjar um amor tão sincero e verdadeiro quanto o da Harleen e seu sanduíche.


Edição, revisão e arte em destaque por Isabelle Simões.

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